segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Aula 11: Cristianismo (conclusão) - Curso de Religiões Comparadas

O curso

A aula 11 do Curso de Religiões Comparadas traz a segunda aula dedicada especificamente ao Cristianismo.

A aula 1 apresentou uma introdução geral ao conceito e às características das religiões. As aulas de 2 a 7 trataram das religiões do tronco ariano/hindu (hinduísmo e budismo). A partir da aula 8, o curso passou a tratar das religiões abraâmicas (judaísmo e cristianismo); a próxima aula será dedicada ao islamismo.

É recomendado ouvir, pelo menos, aulas imediatamente anteriores (8, 9 e 10) para uma melhor compreensão.

Observação: Este curso foi ministrado pelo professor Luiz Gonzaga de Carvalho Neto. Este é o primeiro módulo, que contém vinte aulas. Para acessar as demais aulas e demais informações sobre o curso, clique aqui.


AULA 11: O ramo semítico: o Cristianismo (conclusão)

Parte 1 de 2




Parte 2 de 2

[Por algum motivo estranho, o 4shared não está permitindo incorporar o arquivo da segunda parte da aula. Por isso, posto o link direito do arquivo: aqui.]




Fonte: Arte Cristã.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Crucifixos: entre a Justiça e a Misericórdia

[Publicado originalmente em 17/03/2012. Republicado em 29/11/2017]

Gostem ou não, nós (seres humanos) somos animais morais e toda a vida moral humana pode ser resumida no equilíbrio delicado entre duas tendências opostas: o exercício da justiça e a prática da misericórdia, da compaixão.

A justiça, sozinha, não é capaz de produzir o bem. Tampouco a misericórdia, sozinha, é capaz de fazê-lo. Aplicar a justiça em momentos em que é necessário exercer a misericórdia muitas vezes resulta em atos de injustiça.  Da mesma forma, ser misericordioso em momentos em que é necessário aplicar a justiça acaba sendo uma impiedade.

A tarefa humana é justamente aprender a identificar os momentos em que é preciso fazer justiça (dar à vítima e ao criminoso o que eles merecem) e os momentos em que é preciso exercer a misericórdia (esquecer a ofensa sofrida em nome da concórdia), examinando de modo adequado a gravidade e natureza da ofensa, o sofrimento das vítimas, a ignorância do réu, o impacto na comunidade, etc.

Diante de uma simples tentativa de furto da sua carteira por um ladrão de rua, o que fazer: chamar o guarda para jogar o meliante na cadeia ou dar-lhe mais 50 reais para comprar comida? Não nos enganemos: não existe uma resposta aplicável a todos os casos.

No mundo ocidental, o modelo da justiça é uma herança do pensamento e do direito romano. Já a misericórdia é um valor herdado diretamente da cultura judaica, através do cristianismo. O ideal da justiça pode ser resumido na fórmula romana do “dar a cada um segundo o que lhe é de direito”. Já a misericórdia se revela na ordem cristã “de graça recebestes, de graça dai!”. Da filosofia grega, por outro lado, herdamos a ênfase na razão, a luz natural que nos auxilia no exercício da justiça e na prática da misericórdia.


Este é o símbolo da Justiça:








A mulher vendada, segurando uma balança e uma espada, é a deusa romana Iusticia. A versão grega da Iusticia romana é Têmis (guardiã dos juramentos dos homens) e/ou Diké (deusa dos julgamentos).

A estátua da deusa greco-romana não é usada em nossa cultura (em nosso sistema judiciário) por sermos todos pagãos, praticantes das religiões cosmológicas dos antigos povos europeus. Não usamos essa imagem por sermos devotos de Apolo, por oferecermos galos em sacrifício para Asclépio nem por realizarmos cultos em adoração ao imperador. Muito pelo contrário.

Usamos essa imagem (i) por sua beleza intrínseca; (ii) por reconhecermos a força dos valores que este símbolo expressa; (iii) em homenagem e honra à tradição cultural da qual descendemos. Usamos esta imagem para nos lembrarmos de dar a cada um o que lhe é de direito — inclusive aos nossos antepassados.


Este é o símbolo da Misericórdia:



(Atenção: na MINHA religião, este símbolo é proibido!
Portanto, não venham me dizer que eu estou militando em causa própria)



Esse é o símbolo que, em nossa tradição cultural, representa a compaixão, o desprendimento, o auto-sacrifício, o amor que dá sua própria vida pelos seus amigos. É o ponto de oposição e de equilíbrio à justiça impiedosa. É a representação dos valores que, ao longo de séculos, abrandaram a espada da justiça e criaram os direitos humanos.

Tanto o símbolo da Justiça quanto o símbolo da Misericórdia — ambos de origem religiosa — são amplamente usados em nosso sistema judiciário. Mas há alguns que querem deturpar as nossas leis e inventar uma proibição inexistente a esse tipo de símbolo nos espaços públicos. Ou melhor: querem inventar uma proibição seletiva destes símbolos, banindo completamente o símbolo da misericórdia, mas fingindo-se de cegos (sim, de cegos. Percebem a ironia?) para o símbolo da justiça.

Eles alegam que se sentem ofendidos, enraivecidos, encolerizado toda vez que vêem o símbolo da misericórdia e que, por isso, o governo deve bani-lo em nome da... intolerância (ahn?!). Não duvido que eles se sintam assim. Mas o que o sentimento deles de ódio tem a ver com a tolerância? Absolutamente nada. A verdade é que eles são simplesmente incapazes de dar a cada um o que lhe é de direito e de dar de graça o que de graça receberam.

sábado, 25 de novembro de 2017

Lingüística e Cristianismo: cinco contribuições

A Lingüística é definida como o estudo científico da linguagem humana. Possui uma postura descritivo-explicativa. Ou seja, tem como foco a descoberta do funcionamento real das línguas particulares e da linguagem em geral (embora às vezes alguns socialistas queiram transformar essa ciência em mero instrumento de transformação político-social).

Como ciência independente, a Lingüística surge no século XIX, com o estudo sistemático de línguas diversas com o objetivo comparativo, de modo a identificar e delimitar as relações de parentesco entre elas e descrever os processos de mudança sofridos ao longo do tempo, de modo a identificar os estágios anteriores de onde essas línguas procederam.

Vários lingüistas do século XIX tinham plena consciência da importância que teve o cristianismo ao longo da história para o desenvolvimento dos estudos lingüísticos. Max Müller chegava ao exagero de declarar que a Lingüística nasceu no Dia de Pentecostes, pois o cristianismo cria uma série de mudanças culturais sem as quais os estudos lingüísticos, como conhecemos hoje, seriam impossíveis.

Abaixo, aponto resumidamente cinco contribuições do Cristianismo para o desenvolvimento das ciências da linguagem:

1) O CONCEITO DE HUMANIDADE


Com o Cristianismo, há mudança radical na visão antiga em relação aos demais povos, com o surgimento do conceito de humanidade. No mundo antigo, prevalecia a visão nacional/racial que criava uma separação entre "nós" e "os demais povos", que eram considerados "bárbaros". Isso bloqueava, inclusive, o interesse pelo estudo teórico de línguas de outros povos e pela comparação de afinidades entre essas línguas. Apenas com o conceito de irmandade universal entre os homens, é que se abre a porta para o interesse pelo estudo de outras línguas e pelas relações de afinidade entre elas.

2) A BUSCA PELA LÍNGUA DE ADAM


A tentativa de identificação de qual teria sido a língua original da humanidade é abertamente criticada por um dos maiores intelectuais do Cristianismo, Santo Agostinho, que aponta explicitamente a vacuidade dessa busca, uma vez que a língua original não poderia mais existir depois da confusão das línguas em Babel.

Apesar dessa advertência agostiana, houve autores posteriores que tentaram identificar entre as línguas contemporâneas qual delas seria a língua original da humanidade. Muitos sugeriam o hebraico, mas várias outras línguas (inclusive o holandês!) foram apontadas como candidatas.

Apesar de se basear em conceitos absurdos, essa busca possibilitou um interesse pela análise comparativa entre línguas e as tentativas futuras de estabelecimento de filiações entre as línguas, que está no germe da perspectiva histórico-comparativista que surge no século XIX.

3) A MISSÃO EDUCACIONAL


A ênfase da doutrina cristã na caridade se manifestou também em uma visão de dever educacional dos povos. Várias ordens religiosas criaram escolas para fornecer ao menos rudimentos educacionais para a população interessada. A preservação de livros e bibliotecas foi praticamente tarefa exclusiva da Igreja e dos monges. 

Essa postura educacional também levou à criação de vários alfabetos para línguas locais, dentro e fora do território do antigo Império Romano, o que seria impossível no mundo pré-cristão.

4) A MISSÃO MISSIONÁRIA


Outra contribuição importante veio da missão missionária de levar o cristianismo aos demais povos. Esse objetivo levou ao um aumento do estudo de línguas de outros povos, especialmente após as grandes navegações, de modo a permitir a pregação do Evangelho.

Esses estudos também levaram ao esforço de criação de gramáticas descritivas e pedagógicas de línguas indígenas de outros continentes.


5) O ESTUDO DA CULTURA HINDU


A quinta contribuição faz parte da missão missionária apontada no item 4, mas merece um destaque muito maior, devido à importância dos estudos hindus para o desenvolvimento da ciência lingüística. Como conseqüência do interesse de propagação do Evangelho na Índia, vários missionários e intelectuais cristãos se lançaram ao estudo sistemático da cultura, das línguas, religião e literatura hindu. A diferença particular da atividade missionária na Índia vinha do fato de os cristãos se depararam com uma cultura sacerdotal altamente preparada intelectualmente, o que exigia um estudo profundo dessa cultura de modo a permitir o debate e a pregação. 

Esse estudo foi o impulso inicial para a tradução, análise, comentários das obras hindus que levaram à descoberta das semelhanças entre a língua sânscrita e outras línguas antigas, como o grego, latim, persa e germânico. Isso criou a motivação inicial para o desenvolvimento dos estudos comparativistas, mas também os materiais iniciais sobre os quais estes estudos se debruçaram.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Da série “delírios relativistas”: defendendo as mulheres, às vezes

[Publicado originalmente em 13/07/2010. Ressuscitado em 22/11/2017]

 Situação 1

O problema: Em pleno século XXI, há, em vários países não-ocidentais, onde prevalecem governos teocráticos, apedrejamento de mulheres (só de mulheres, tá?) acusadas de adultério, mutilação de clítores, leis que tornam, formalmente, as mulheres seres inferiores, com menos direitos que os homens, etc?
Reação relativista: Deixe de ser preconceituoso! Nós devemos aceitar  a diversidade e entender que isso faz parte da cultura deles. Seu etnocêntrico intolerante!

***
Situação 2

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Aula 10: O Cristianismo (áudio) - Curso de Religiões Comparadas

O curso

Depois de tratar do hinduísmo, budismo e judaímo, o curso chega, finalmente, ao cristianismo.
A penúltima aula (07) foi dedicada a uma introdução geral às religiões abraâmicas, em suas diferenças fundamentais em relação às religiões arianas. A última aula (08) tratou especificamente do judaímo. A presente aula e a próxima (aulas 10 e 11) tratam da religião cristã, da qual nós, ocidentais, somos herdeiros, mesmo quando não somos adeptos.

É recomendado ouvir, pelo menos, aulas anteriores para uma melhor compreensão.

Observação: Este curso foi ministrado pelo professor Luiz Gonzaga de Carvalho Neto. Este é o primeiro módulo, que contém vinte aulas. Para acessar as demais aulas e demais informações sobre o curso, clique aqui.


AULA 10: O ramo semítico: o Cristianismo

Parte 1 de 2





Parte 2 de 2









domingo, 19 de novembro de 2017

Olavo de Carvalho na academia - uma bibliografia

As exibições do documentário "O Jardim das Aflições", sobre a filosofia de Olavo de Carvalho, nos campi de várias universidades brasileiras têm causado um verdadeiro desespero em parte da esquerda acadêmica, inteiramente incapaz de conviver, não apenas com ideias distintas, mas com a mera existência de pessoas que se interessem por saber alguma coisa sobre ideias distintas.

Mas essa não é a primeira vez que as ideias de Cavalho se fazem presentes no ambiente acadêmico. Abaixo, apresento um pequeno levantamento de resenhas, artigos acadêmicos, trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses que citam a obra de Carvalho.

A maioria dos trabalhos identificados cita a teoria dos quatro discursos (pois eu estava montando, para mim, uma bibliografia específica sobre esse tema), mas não se limitam a isso. Os trabalhos se distribuem majoritariamente pelas áreas de Direito, Filosofia e Letras, mas também há a presença das áreas de Artes, Marketing, Medicina e Matemática.

ATUALIZAÇÃO: Na postagem original, esta lista tinha 37 títulos. A divulgação na internet fez com que outras pessoas indicassem outras referências, que foram acrescentadas.


RESENHAS

MEDEIRO, Gabriel Saldanha Lula de. Resenha de Os EUA e a Nova Ordem Mundial. InterEspaço Grajaú/MA v. 2, n. 5 p. 536-539 jan./abr. 2016.

MEDEIROS, Gabriel Saldanha Lula de Medeiros. Resenha de Maquiavel ou a confusão demoníaca. InterEspaço Grajaú/MA, v. 2, n. 6, maio/ago. 2016.


ARTIGOS ACADÊMICOS

AIRES, Hilton Boenos. Los Maquiavelos de Strauss y Skinner. Contemporânea – Revista de Ética e Filosofia Política, Caruaru, v. 2, n. 1, p. 46-69, jan./jun. 2016. [atualização em 21/11/2017]

ALMEIDA, Wilson F. R. A anedota de abstração na obra de Roberto Gómez Bolaños. Interpretextos , v. 12, p. 41-68, 2014. [atualização em 21/11/2017]

ANGOTTI-NETO, Hélio; BOSI, Andreia; JESUS, Angela Regina Binda da Silva de. The Four Aristotelian Discourses in Medicine: Educational Tools for Physicians. Biomedical and Biopharmaceutical Research, 2014; v. 11, n. 2, 151-159.

ÁVILA, Luiz Augusto Lima de. Tópica e teoria constitucional do direito: as eternas aporias e a uberdade da abdução. Revista Brasileira de Direito Constitucional, v. 2., n. 7 - Jan./Jun 2006.

CARVALHO, Antônio Alves de. Sistematização dos discursos em Aristóteles. Revista De Magistro de Filosofia. Anápolis, ano I, nº. 1, s/p., 2004/1.

CARVALHO, Maria Fernanda Silva de. O discurso vieiriano no Sermão da Sexagésima. UOX Revista Acadêmica de Letras, n. 2, 2014. (Obs.: cita a teoria dos quatro discursos indiretamente, através de SANTOS, 2011)

CAVALCANTE, Rerisson. Sobre “Alguns argumentos contra o inatismo lingüístico” – Réplica a Lombardi Vallauri (2008). Relin - Revista de Estudos da Linguagem, v. 25, n. 4, 2017.

CAVALHEIRO, Douglas André Gonçalves. O indivíduo e a crise da modernidade. In: Anais da XIX Semana de Humanidades, 2011, Natal. XIX Semana de Humanidades, 2011. [atualização em 25/11/2017]

COELHO, Werner Nabiça. As teorias retóricas e os fundamentos da incidência jurídica na obra de Paulo de Barros Carvalho: uma introdução ao tema. Publicado em Jus.com.br.

CRUZ, Marcelo Lebre. O processo psicanalítico de transferência e a decisão judicial: a teoria dos quatro discursos enquanto barreira garantista. Revista Direitos Fundamentais e Democracia, Faculdades Integradas do Brasil, v. 1, n. 1, 2007.

DOMINGUES, Joaquim Domingues. Manuel de Góis e a ética conimbricense. Revista Estudos Filosóficos, nº 7, 2011.

LEMBI, João Lucas Cavalcanti; LIMA, Diego de Araújo. A aplicação da Tópica como parâmetro a ser observado para a formação de precedentes judiciais. Trabalho apresentado no XXIII Congresso Nacional CONPEDI (Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito). 2014.

LUZ, Vladimir de Carvalho. Os Juristas da Tradição Ocidental: discursos e arquétipos fundamentais. Seqüência. UFSC, Florianópolis, v. 33, n. 64, 2012.

NEGRISOLI, Fabiano. O “Jus Postulandi” na justiça do trabalho: irracionalidade que pode impossibilitar a busca da verdade ou correção e impedir a concretização de direitos. Revista Direitos Fundamentais e Democracia, Faculdades Integradas do Brasil, v. 4, 2008.

OLIVEIRA SOBRINHO, Afonso Soares; ARAUJO FILHO, Clarindo Ferreira. Do direito, da ética e da justiça: reflexões sobre a crise do Estado. Anais do Congresso Brasileiro de Processo Coletivo e Cidadania, n. 4, p. 149-172, out/2016.

PETTERLE, Andiara. O tempo das horas - um ensaio sobre o tempo nas narrativas de Mrs. Dalloway e de As Horas. Caligrama – Revista de Estudos e Pesquisas em Linguagem e Mídia, v. 1, n. 3, 2005.

PORTUGAL, Daniel. https://slidept.com/download/o-design-so-se-preocupa-com-as-aparencias_59dbdf94d64ab21454a637a9_pdf. Revista Marketing, n. 451, em agosto de 2010.

SÁNCHEZ FERNÁNDEZ, Carlos. ¿Cómo hacer apetitoso el discurso matemático? Experiencias con sabor cubano. Cuadernos de Investigación y Formación en Educación Matemática. 2013. Año 8. Número 11. p. 207-218. Costa Rica. (Obs.: o autor é da Universidad de La Habana, Cuba).

SANTOS, Roberto Clemente dos Santosi. O semeador e o Sermão da Sexagésima, uma questão de entrelaçamento. Anais do XII Congresso Internacional da ABRALIC, 18 a 22 de julho de 2011, UFPR.

SCHWANKA,Cristiane. O fenômeno da democratização do estado: a democracia participativa, a (re)definição da cidadania e o discurso dialético como instrumento de legitimação popular. Cadernos da Escola de Direito, Paraná, v. 1, n. 8, p. 407-427, 2008.

SOUZA, André Barbieri Souza. Fragmentos da teoria do discurso e os direitos fundamentais sociais: o necessário caminhar pela concretização. Anima: Revista Eletrônica do Curso de Direito da Opet , v. 1, p. 1-684, 2010.


TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO

BRESSAN, Jonas. Da representação política e da fé metastática de Voegelin. Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Trabalho de Conclusão de Curso de Direito, 2016.

CARVALHO, Fábio Salgado de. Investigações epistemológicas: Combinando demonstrabilidade e conhecimento. Universidade de Brasília. Trabalho de Conclusão de Conclusão de Curso em Filosofia, 2012.

MEIRELES, Vítor Silva. Uma visão integrada do Proslogion de Santo Anselmo". Universidade Federal de Mato Grasso. Trabalho de Conclusão de Curso de Filosofia. (2009). (Obs.: a monografia está resumida neste artigo). [atualização em 21/11/2017]

POMAGERSKI JUNIOR, Carlos Antonio. Duas visões sobre o dano moral: o dano moral no Brasil e no direito talmúdico. Universidade Federal de Santa Maria. Trabalho de Conclusão de Curso de Direito. 2012. (Obs.: apenas nas referências)

SALVADEGO JUNIOR, Josué Carlos. Teoria dos quatro discursos e os clássicos literários. Universidade Estadual de Londrina. Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia. 2010.

SILVA, Tárik França. A Tópica como técnica argumentativa do discurso solipsista. Universidade Federal de Juiz de Fora. Monografia de conclusão do curso de Direito. 


DISSERTAÇÕES E TESES

CARVALHO, Fábio Salgado de. A antessala da argumentação por uma abordagem negativa. Universidade de Brasília.  Dissertação de mestrado em Filosofia. (Obs.: apenas nas referências)

CAVAZZOLA JUNIOR, César Augusto. O direito como experiência: a construção da individualidade do homem frente à sociedade, ao Estado e às instituições. Universidade Vale do Rio dos Sinos. Dissertação de Mestrado em Direito. 2015.

FREITAS, Frederico Ribeiro de. Interpretação civil-constitucional e jurisprudencial do contrato de compra e venda de safra futura de cana-de-açúcar. Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Dissertação de Mestrado em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento. 2011.

GALLINATI, Raquel Kobashi. Teoria da compreensão da ação de Von Wright e a relação de causalidade no direito penal. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Dissertação de Mestrado em Filosofia. 2007. (Obs.: nesta, só consta nas referências bibliográficas)

MEDEIROS, Tito Barros Leal de Pontes Medeiros. Modos trágicos: Édipo à luz das categorias da Ética a Nicômaco de Aristóteles. Universidade Estadual do Ceará. Dissertação de Mestrado em Filosofia. 2009. (Obs.: só consta nas referências)

NEVES, Belize de Melo. Cartografia do sistema de arte. Instituto Politécnico de Leiria. Escola Superior de Artes e Design, Caldas. Dissertação de Mestrado em Gestão Cultural. 2016.

PETEK, João Pedro Moscoso. A aplicação das medidas protetivas de urgência previstas na lei 11.340/2006 em face da nova perspectiva familiar: uma leitura a partir da defesa do princípio da igualdade e da dignidadade da pessoa da vítima. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado em Ciências Criminais.

PEÑA-ALFARO, Alex Antonio. Estratégias discursivas de persuasão em um discurso religioso neopentecostal. Universidade Federal de Pernambuco. Tese de Doutorado em Letras. 2005.

PILLAR, Daniel Machado. A influência do marketing eleitoral na construção do discurso de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais. Universidade de Coimbra. Dissertação de Mestrado em Marketing. 2015.

TRUBILHANO, Fábio Souza. Retórica Clássica e Nova Retórica nos recursos judiciais civis: a construção do discurso persuasivo. Universidade de São Paulo. Tese de Doutorado em Letras Clássicas e Vernáculas, 2013.

SANT’ ANNA, Adriana. Símbolos e mitos no código de defesa do consumidor: uma análise discursiva. Universidade Federal do Paraná. Dissertação de Mestrado em Direito. 2008.

ZAMBONI, Fausto José da Fonseca. Literatura, ensino e educação liberal. Universidade Estadual Paulista. Tese de Doutorado em Letras. 2011.

LIVROS

DALLA-ROSA, Luiz Vergilio. O Direito como Garantia: pressupostos de uma teoria constitucional. Rio de Janeiro: América Jurídica, 2002. [atualização em 21/11/2017]



Arte no domingo: "Alegoria da Retórica"

A pintura abaixo se chama "A alegoria da Retórica", do artista Laurent de La Hire, pintado em 1650.




quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Quem são os esquerdistas que defendem genocídio de cristãos na UFBA ?

Na noite de 13 de novembro de 2017, no campus da Universidade Federal da Bahia, no bairro de Ondina, em Salvador, houve a exibição a céu aberto do documentário "O Jardim das Aflições", sobre a obra filosófica do escritor Olavo de Carvalho.

Durante a exibição, que reuniu pessoas que tinham simpatia e antipatia pelo autor, mas que queriam conhecer e debater o conteúdo do documentário (como é de se esperar em um local destinado à circulação, análise e discussão de ideias, como deveria ser uma universidade), um grupo de militantes esquerdistas iniciou um protesto para impedir a exibição do filme, para impedir que a plateia conseguisse ouvir o áudio, para impedir o debate.

Entre os militantes que levantavam acusações criminais falsas de "fascismo" contra uma plateia que queria ver e debater um documentário, surgiu um cartaz com a defesa explícita do genocídio de cristãos, como se pode ver na imagem abaixo.

Fonte: redes sociais.


É claro que não se pode atribuir a todos os manifestantes em volta desse cartaz essa posição de defesa de genocídio. Por isso mesmo, é necessário que as autoridades da UFBA e de fora da UFBA manifestem o seu repúdio para com essa atitude, investiguem o caso e punam as pessoas específicas responsáveis pelo cartaz.

Além dessa fotografia, houve também a divulgação o registro em vídeo do mesmo episódio, que pode ser assistido abaixo.

Fonte: aqui.


Mas é preciso também apontar algo óbvio. Mesmo que muitos dos militantes esquerdistas que estavam próximos desse cartaz não devam ser responsabilizados por defender ou concordar com o seu conteúdo, é extremamente preocupante que as pessoas não pareçam manifestar nenhuma preocupação com uma defesa explícita de genocídio. Muito mais bizarro ainda como continuavam a gritar "abaixo fascistas", não para quem levantava o cartaz, mas ao lado de quem o fazia.

Eis o drama que se vive hoje na nossa sociedade: É claro que, em todos os lugares do mundo, existem pessoas que defendem a violência, agressão e até a morte para quem é de um grupo diferente. Mas as universidades são o único lugar do planeta Terra em que são formadas pessoas que acreditam piamente que exterminar grupos religiosos é "lutar contra o nazismo", que impedir debate de documentários é "lutar contra a censura", que agredir uma plateia que quer assistir a um filme é "lutar contra a ditadura".

A universidade brasileira precisa pensar e refletir urgentemente sobre como e por que conseguiu produzir entre seus estudantes esse tipo de visão doentia sobre as relações de convivência em sociedade.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

A África é pobre por causa do socialismo (vídeo) - Dr. George B. N. Ayittey

O vídeo abaixo traz uma palestra do Dr. George B. N. Ayittey, economista natural de Gana. Ele é professor na American University, presidente do  Free Africa Foundation e autor de diversos sobre a situação política e econômica do continente africano, como Africa Betrayed, Defeating Dictators: Fighting Tyranny in Africa and Around the World e Africa in Chaos: A Comparative History.

Nessa palestra, Ayettey aponta para os vários problemas internos atuais do continente africano que impedem que a superação do seu passado colonial e que fazem que todos os bilhões de dólares em ajuda internacional sejam desperdiçados como alguém que "joga água em um copo cheio de buracos".

Entre esses problemas, Ayettey cita: (i) lideranças incompetentes; (ii) corrupção; (iii) ideologias equivocadas; (iv) guerras civis. Na palestra, ele se concentra no item (iii) e fala sobre os efeitos devastadores do socialismo no continente africano.










quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Aula 09: Judaísmo (áudio) - Curso de Religiões Comparadas

O curso

Depois da visão geral sobre as características da religiões abraâmicas (na aula anterior), a aula atual faz uma introdução à mais antigas dessas religiões, o Judaímo.

Observação: Este curso foi ministrado pelo professor Luiz Gonzaga de Carvalho Neto. Este é o primeiro módulo, que contém vinte aulas. Para acessar as demais aulas e demais informações sobre o curso, clique aqui.


AULA 09: O ramo semítico: o Judaísmo

Parte 1 de 2





Parte 2 de 2








quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Não chore só por tragédias em Paris, Londres e EUA: uma bibliografia dos genocídios da esquerda revolucionária

Ultimamente, muitas pessoas têm reclamado por, aparentemente, a população e o jornalismo em geral só se importar e chorar por tragédias e morticínios que ocorrem na Europa Ocidental (Inglaterra, França) e na América do Norte (Estados Unidos, Canadá), o que seria, segundo alguns, culpa do racismo nosso de cada dia.

Para enfrentar esse problema, segue abaixo uma pequena bibliografia sobre morticínios e genocídios ocorridos foram do eixo Europa Ocidental - América do Norte. São casos extremamente graves que envolveram milhares e às vezes até milhões de pessoas assassinadas na Ásia, na África, na Rússia e na Europa Oriental, praticados por movimentos e regimes políticos socialistas, comunistas, revolucionários, anti-cristãos e seus aliados.


1) CAMBOJA

O livro Murder of a Gentle Land: The Untold Story of Communist Genocide in Cambodia, de John Barron e Anthony Paul, conta a história de um dos maiores genocídios de todos os tempos, quando o regime comunista de Pol Pot assassinou cerca de 25% da população do Camboja.








2) ROMÊNIA


O livro Communist Genocide in Romania, de Gheorghe Boldur-Latescu, relata os assassinatos em massa praticados pelo movimento comunista contra o povo romeno.






3) ÁSIA, ÁFRICA E AMÉRICA LATINA

A obra monumental O livro negro do comunismo: crimes, terror e repressão, escrito por um conjunto de pesquisadores de esquerda e socialistas (alguns dos quais abandonaram essa ideologia maligna após a pesquisa) relata os milhões e milhões de assassinatos e de outros crimes cometidos pelos regimes comunistas na Rússia, na China e em outras partes do mundo, como na África e na América Latina.





4) CROÁCIA E ESLOVÊNIA

O livro Croatia and Slovenia at the End and After the Second World War (1944-1945): Mass Crimes and Human Rights Violations Committed by the Communist Regime relata os assassinatos em massa cometidos pelo regime comunista durante a Segunda Guerra Mundial.






5) MONGÓLIA

O livro Genocide on the Mongolian Steppe: First-Hand Accounts of Genocide in Southern Mongolia During the Chinese Cultural Revolution relata o genocídio praticado pelo regime comunista chinês no sul da Mongólia durante a Revolução Cultura.







6) ORIENTE MÉDIO

O livro The Persecution and Genocide of Christians in the Middle East: Prevention, Prohibition, & Prosecution relata a perseguição e genocídio de cristãos no Oriente Médio.







7) SUDÃO

O livro Genocide in Sudan: Caliphate Threat to Africa and the World relata o genocídio praticado no Sudão contra populações não-árabes com o apoio do regime comunista chinês e da Fraternidade Islâmica.








8) RÚSSIA E LESTE EUROPEU

O livro Stalin's Genocides relata os crimes contra a humanidade do regime comunista de Stálin na União Soviética.








9) CAMBOJA

Outro livro sobre o genocídio praticado pelo regime comunista no Camboja: War, Genocide, and Justice: Cambodian American Memory Work.









10) ETIÓPIA

O livro The Ethiopian Red Terror Trials: Transitional Justice Challenged relata o genocídio praticado pelo regime comunista de Mengistu Haile Mariam contra o povo etíope.

domingo, 5 de novembro de 2017

Arte no domingo: "Alegoria da Pintura"

O quadro abaixo se chama "Alegoria da Pintura", do pintor e poeta francês Charles Alphonse du Fresnoy (1611–1665).






Du Fresnoy também escreveu a obra A arte da pintura.

sábado, 4 de novembro de 2017

O que quer, o que pode esta língua?

- Pode chamar um simples elogio de "cultura do estupro" e depois dizer que sexo entre homem de 40 anos e menina de 13 "não é pedofilia".

- Pode dizer que a polícia só existe para "matar pobres e negros" e depois defender que pobres e negros sejam proibidos de possuir armas, pois "só a polícia deve andar armada".

- Pode escolher "não mereço ser estuprada" como slogan anti-estupro e depois acusar de apologista do estupro um homem que repetiu o mesmo slogan. "você não merece ser estuprada".

- Pode pintar o "consumismo" como algo extremamente maligno e depois reclamar da má distribuição de renda e/ou da queda do "poder de consumo" dos pobres.

- Pode dizer que, não um, mas dois partidos socialistas alemães são de "extrema-direita" e depois concluir que, portanto, estes partidos eram "capitalistas".


Pode fazer tudo isso e muito mais, se assim o Partido mandar.



sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Mais grave do que corrupção

[Texto postado originalmente em 27/012012. Ressuscitado em 03/11/2017]

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, recebeu no palácio do governo e com honras de estado o italiano Cesare Battisti, um assassino condenado de quatro pessoas inocentes. Tarso Genro, o capitão do mato de Fidel Castro, foi o principal responsável pelo asilo político (ahn?! asilo político para crime de assassinato?!) concedido pelo Brasil ao criminoso foragido da justiça italiana.

Mais grave ainda: Tarso Genro, o capitão do mato de Fidel Castro, também foi o responsável por colocar a Polícia Federal brasileira para caçar e enviar de volta a Cuba os quatro boxeadores cubanos que, durante o Pan-Americano do Rio, tentaram fugir da ditadura dos irmãos Castros em busca de uma vida melhor.

A mim, parece claro que o Partido dos Trabalhadores utilizar-se do governo brasileiro para conceder asilo e honras de estado a um assassino comum é muito mais grave do que o mensalão do próprio PT — que já é, em si, muito grave. Que é muito mais grave do que o mensalão do Distrito Federal. Que é muito mais grave do que os dólares na cueca. Que é muito mais grave do que deputados e senadores utilizando verba de gabinete para pagar viagens não-relacionadas ao exercício do mandato. Que é muito mais grave do que a grande maioria dos casos de corrupção envolvendo papel pintado.

Mas essa parece não ser a percepção da maioria dos brasileiros, que acha que importante mesmo é transformar mensalões e mensalinhos em crime hediondo... enquanto nossos presidentes, governadores, deputados e até professores ensinam ao povo que assassinato de inocentes é mera arma de luta política.

Uma ética baseada apenas na importância do capital e sem nenhum respeito pela vida é coisa de marxista doente.


quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Uma aula socialmente correta

[Postado originalmente em 09/08/2012. Ressuscitado em 02/11/2017]

O professor (geralmente de língua portuguesa) leva aos alunos um texto para leitura. No texto, há um relato de alguma situação tocante, chocante. Por exemplo: um “bicho” vasculhando um monte de lixo procurando por comida. Após a descrição da situação sub-humana vivida por tal miserável animal, vem a revelação ao final do texto: o “bicho” era... um homem [*] um ser humano.

O professor, assim, cumpre o seu papel de despertar os aluninhos para os problemas sociais do país e prossegue em sua tentativa de moldar as cabecinhas das crianças para adquirirem “consciência crítica”. Como ele faz isso? Ora, ele levanta a discussão — com crianças de nove, dez anos — sobre as causas macro-econômicas, macro-políticas e macro-históricas para tal homem não ter o que comer e estar procurando comida no lixo.

(Tudo tem que ser macro. Não existe espaço para a compreensão de dramas e tragédias pessoais, das circunstâncias que nos tornam humanos e vulneráveis. Tudo é macro.)

Em seguida, o professor discute com os alunos que mudanças deveriam ser feitas no país, no governo, na sociedade, na ONU, em suma, no planeta inteiro (!!!) para transformar completamente o mundo em que vivemos e criar um mundo inteiramente diferente, onde todos os seres humanos estarão completamente livres de sofrimentos, da fome, da pobreza, da tristeza e de quaisquer outras mazelas imagináveis...



Atenção especial é dedicada a pôr a culpa “no governo” (a menos que o professor tenha votado no partido do novo governante...), “na sociedade” (seja lá quem ela for...) e “no sistema” (seja lá quem ele for...).

Em todo esse lindo espetáculo do despertar a consciência social de milhões de criancinhas em milhares de salas de aula em todo o país, apenas uma única atitude não é jamais levantada, cogitada ou sugerida: ninguém diz que a melhor forma de matar a fome daquele mendigo específico é levantar a bunda da cadeira, andar até ele e dar-lhe um pedaço de pão, um sanduíche, um prato de sopa ou uma mísera nota de dois reais.

E as nossas crianças crescem achando que é mais fácil reformar o planeta inteiro (o que pressupõe possuir poder supremo sobre toda a humanidade) do que tirar uma moeda do bolso. Isso é o que a escola e as universidades chamam de “ter consciência social”. No mundo real, isso se chama totalitarismo.

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Nota:
*Esse trecho foi suprimido por ser obviamente machista.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Aula 08: As religiões abraâmicas (áudio) - Curso de Religiões Comparadas

O curso

As aulas de número 2 a 7 foram dedicadas às religiões do ramo ariano/indiano. Agora se inicia a parte do módulo dedicada às religiões abraâmicas (judaísmo, cristianismo e islamismo). Essa oitava aula é dedicada a uma introdução geral ao ramo semítico. Entre outros tópicos, a aula trata do conceito de divindade nas religiões politeístas e monoteístas.

Observação: Este curso foi ministrado pelo professor Luiz Gonzada de Carvalho Neto. Este é o primeiro módulo, que contém vinte aulas. Para acessar as demais aulas e demais informações sobre o curso, clique aqui.


AULA 08: O ramo semítico: as religiões abraâmicas

Parte 1 de 2





Parte 2 de 2






A marcha de Abraão. Pintura de József Molnár.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Ateísmo como descrença X ateísmo como crença

[Postado originalmente em 13/08/2012. Ressuscitado em 30/10/2017]

Já apontei no blog a diferença entre os ateus e os neo-ateus (ou ateus militantes), mas é bom retornar à questão, especialmente para evidenciar a natureza enganadora do termo “militante”. O ponto fundamental é o seguinte: ateísmo (normal) se define pela ausência ou negativa de uma determinada crença; neo-ateísmo se define por uma crença (ainda que disfarçada de ceticismo).

Resumidamente, um ateu normal é quem:

(i) não acredita na divindade e

(ii) questiona tal crença com base em aspectos que lhe pareçam mal explicados, contraditórios, não-convincentes, etc.

Ou seja, o que define um ateu normal é o que ele é incapaz de crer em algo (i.e. na existência do divino). Não importa se o motivo dessa não-crença é derivado de uma investigação racional da questão, de uma desilução com a religião, de uma revolta moral contra a maldade no mundo, do desejo de ir contra a maioria, da preguiça investigativa etc).

As motivações psicológicas podem ser as mais diversas. Por exemplo, em épocas passadas, o ateísmo estava mais relacionado a uma posição imoral ou amoral quanto à vida. Hoje em dia, temos a situação inversa: o ateísmo é, muitas vezes, uma reação moral contra o mal na sociedade.

Também não importa se o questionamento em (ii) é feito apenas para si ou para algum debatedor ou algum público. Em outras palavras, para ser um ateu normal não é preciso ficar caladinho, na sua, sem jamais expor sua opinião negativa sobre o teísmo. O que caracteriza o ateísmo normal é a negativa (ativa ou passiva) de uma crença, não a ausência de uma posição militante, propagandista.

O ateu militante, por outro lado, não se define por aquilo em que não crê, mas por aquilo em que ele, de fato, crê. O ateu militante acredita em, pelo menos, três coisas:

(i) é possível aos seres humanos (como um todo) alcançar um estado de perfeição moral e intelectual;

(ii) e, a partir desse estado, é possível construir uma sociedade perfeita e completamente justa (uma espécie de paraíso na Terra);

(iii) para a humanidade chegar a tal perfeição e construir tal paraíso na Terra, é necessário destruir todas as religiões do mundo, pois elas seriam o principal obstáculo a tão grandioso futuro.

Os ~livre pensadores~ que só repetem a mesma coisa

Da mesma forma, não importa muito quais tenham sido as motivações para alguém se tornar um neo-ateu. Ele pode ter feito algum tipo de investigação racional sobre a existência de Deus e chegado a uma conclusão negativa e, adicionalmente, se revoltado contra os que não chegaram à mesma conclusão; ele pode ter se desiludido com a religião, com a igreja, com o padre ou com a namorada que o traiu com o leiteiro; ele pode ter se revoltado moralmente contra a maldade e a injustiça no mundo; ele pode ser um adolescente de 17 anos que precisa da aprovação do grupo (ou do seu professor...) e adota uma postura de revolta pois ela está na moda (ah, não se fazem mais revoltados como antigamente!); etc.

Os motivos não são tão importantes porque, a rigor, as mesmas motivações podem levar a pessoa ao ateísmo normal, ao ateísmo militante ou mesmo para a uma religião. Tornar-se religioso por mero desejo de aprovação do grupo de que faz parte é tão questionável quanto tornar-se ateu ou ateu militante por desejo de aprovação do grupo. Esse tipo de motivo não depende dos méritos da posição filosófica/ideológica em si, mas da demografia.

Na verdade, diante das três características citadas acima, a questão sobre a descrença na divindade perde até importância, tornando-se secundária para a definição do ateísmo militante. A rigor, alguém pode, no fundo de seu coração, crer em Deus, mas tornar-se um militante neo-ateu por odiá-lo. Como não temos como ler a mente da pessoa para saber o grau de sinceridade de sua descrença em Deus (assim como não podemos descobrir o grau de sinceridade da crença de um teísta), o que realmente importa é a manifestação da crença na perfeição humana e na perfeição social. Por isso, alguns preferem chamar o neo-ateísmo de “humanismo” para evitar a difamação que tais fanáticos fazem do ateísmo ao se posicionaram como seus únicos representantes legítimos.

O que torna o neo-ateísmo algo desprezível em si, portanto, não são as motivações para adesão nem mesmo a sua tentativa de divulgação (a tal militância), por mais chata que ela seja, mas a natureza das crenças em que se baseia e que tenta espalhar.

A crença na perfeição do ser humano é absurda em si e só prospera pela total ignorância com relação à nossa natureza, às nosssas fraquezas, aos nossos erros, aos nossos... pecados (cuidado! Eu usei a palavra careta e abominável!).

A crença na possibilidade de tais homens perfeitos criarem, então, toda uma sociedade perfeita é ainda pior, pois envolve não somente a possibilidade de um método para o homem alcançar a perfeição, mas um trabalho de reengenharia social que submeta toda à humanidade (independentemente de sua vontade) ao método criado por algumas poucas mentes iluminadas.

A crença de que o paraíso na Terra só não foi alcançado ainda por culpa de um determinado grupo social (que, então, precisa ser exterminado) é o mesmo tipo de crença que motivou os nazistas a exterminar os judeus e os comunistas a exterminar os burgueses.

A propaganda neo-ateísta se baseia em grande parte em afirmativas exageradas sobre os crimes (reais e imaginados) cometidos por religiosos e/ou em nome da religião para criar uma indisposição das pessoas com o teísmo, ao mesmo tempo em que propõe a militância político-ideológica como a solução para todos os males, ignorando todos os crimes (infinitamente maiores) cometidos em nome das ideologias políticas.

A história nos mostra, porém, que a crença na perfeição humana e na possibilidade de construir um paraíso na Terra é capaz de produzir tragédias infinitamente maiores do que quaisquer crimes praticados por motivação exclusivamente religiosa.

sábado, 28 de outubro de 2017

Nova Generalização Femimiminista

As atas do último CNEFPAFAG (Congresso Nacional de Estudos Femimiministas Prafrentex Anti-fascismo Abaixo o Golpe) registram a seguinte decisão, tomada unilateralmente por todxs as companheiras:

- "Todo homem é um estuprador em potencial. Menos Caetano, que comeu uma menor de 14 anos."



quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Uma gota de sangue, negro

[Publicado originalmente em 12/12/2010. Ressuscitado em 26/10/2017]

One-drop rule

Já ouviram falar da one-drop rule? Literalmente “regra da uma gota”?

Trata-se de um conjunto de antigas leis americanas que estabeleciam que a cor da pessoa não deve ser determinada pela sua real aparência, mas pela sua ascendência. A idéia é que, se a pessoa tiver “uma gota” de sangue negro (ou seja, um ascendente negro sequer), ela deve ser considerada negra, inclusive em documentos oficiais.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Inversões revolucionárias: o desprezo às mães na universidade

Algum tempo atrás, comentei com um colega (que tem carreira intelectual) que eu tinha alunas que trabalhavam o dia inteiro, estudavam à noite e só viam o filho no final de semana, porque, para elas, trabalhar não era "um direito" ou "uma opção", como pregava o feminismo, mas uma necessidade para terem com que comer e pagar as contas.

A resposta foi: "Quem mandou elas terem filho antes de fazer faculdade!".

Pensem direitinho sobre essa frase imbecil. Não é apenas que ela não tem nada a ver com a questão comentada. É que ela parte de uma inversão completa da natureza humana e social.

Para ele (e para muitos!), FAZER FACULDADE é um elemento natural da vida humana; algo que diz respeito à própria natureza das coisas; um item constitutivo do que é viver em sociedade: algo que sempre existiu por todos os séculos e sempre existirá pelos séculos e séculos. 

TER FILHOS, por outro lado, é que o elemento artificial, estranho, inovador e, portanto, supérfluo, não algo que é consequência da própria natureza humana e biológica, não um elemento que é a base da própria existência e subsistência da sociedade.

Do site: Gestação Bebê.
Essa inversão revolucionária da realidade, infelizmente, é o que domina a cabeça da esmagadora maioria das pessoas. A sociedade não deve, eles acham, tentar dar o máximo de subsídios para as mulheres que têm filhos; ela deve é incentivar as novas mulheres a nunca, jamais ter filhos.

Isso é mais do que tolice. É suicídio. As sociedade sobreviveram por milênios sem a mera existência das universidades. Mas nenhuma jamais sobreviveu sem muitas e muitas e muitas mães.

Notem que não se trata de criticar quem fez faculdade antes (ou ao invés) de ter filhos, mas de considerar que esta seria a única escolha socialmente aceitável ou louvável, enquanto a outra deveria ser estigmatizada, criticada e zombada.

Especialmente nesta época em que os diplomas universitários têm cada vez menos valor e em que uma multidão de advogados e engenheiros recém-formados explode as estatísticas do desemprego (devido a uma política educacional voltada a inflar números rapidamente), é preciso lembrar que, se a maternidade pode ser uma opção, muito mais opcional é fazer faculdade; este é apenas um entre vários caminhos, entre várias opções de vida e de profissão.

domingo, 22 de outubro de 2017

Arte no domingo: "A alegoria da Gramática" (#ABelezaImporta)

Em um mundo em que a beleza (na arte, na arquitetura, no ambiente físico) é cada vez mais desprezada, em que a feiúra, o grotesco, o caótico e o horrendo são declarados pelas classes chiques e endinheiradas como os únicos ideais a serem seguidos e impostos (aos outros), precisamos gritar bem alto: A BELEZA IMPORTA! 

Somos seres estéticos. Não apenas apreciamos a beleza, mas precisamos desesperadamente dela para acalmar e organizar nossa psique, para desenvolver nossa cognição e inteligência. A beleza nos torna melhores e mais inteligentes; o caos, a feiúra e o grotesco nos confunde e nos emburrece.

Abaixo, o quadro "A alegoria da Gramática", de Laurent de La Hire, pintado em 1650.

A alegoria da Gramática. Laurent de La Hire (1650)

sábado, 21 de outubro de 2017

Aula 07: Budismo (conclusão) - Curso de Religiões Comparadas

O curso

Esta é a sétima aula do curso de Religiões Comparadas e a segunda (e última) dedicada especificamente ao budismo. Esta aula também encerra o ciclo dedicado às religiões de origem ariana. As próximas aulas tratarão das religiões abraâmicas.

O curso foi ministrado pelo professor Luiz Gonzaga de Carvalho Neto. Este é o primeiro módulo, que contém vinte aulas. Para acessar as demais aulas e demais informações sobre o curso, clique aqui.


AULA 07: O budismo (final)

Parte 1 de 2





Parte 2 de 2



Link alternativo: aqui.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

“Eu vou bater em você!”

[Post publicado originalmente em 16 de julho de 2010. Ressuscitado em 18 de novembro de 2017]

O presidente da República [Lula] anunciou esta semana o encaminhamento ao Congresso de um projeto de lei contra os “castigos físicos” dos pais nos filhos. O pai da pátria usou, pelo menos, quatro argumentos para defender este projeto:

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Governo da Bahia: Viciado em outdoor

[Postagem publicada originalmente em 22 de janeiro de 2012. Ressuscitada em 16 de outubro de 2017. Continua atual]

O estado da Bahia vive dois gravíssimos problemas atualmente: o aumento exponencial do número de assassinatos e o aumento gigantesco no consumo de drogas, em especial, de crack. Obviamente, os dois problemas estão inter-relacionados. Um colabora o outro.

Como, então, o governador petista branco e de olhos azuis da Bahia, Jaques Wagner, resolve agir para enfrentar o problema?

Opção número 1: monta operações policiais para prender e destruir as quadrilhas de tranficantes?

Resposta: Não!

Opção número 2
: exige que o seu partido, o PT, rompa a aliança política que tem com a maior organização de tráfico de drogas do continente, as FARCs?

Resposta: Não!

Opção número 3
: exige que o governo federal petista feche as fronteiras nacionais para o tráfico de drogas, ao invés de dificultar o trabalho anti-tráfico da polícia federal nas fronteiras, como nossa presidente está fazendo?

Resposta: Não, não e não!

Ao invés de adotar alguma dessas medidas óbvias para enfrentar esse grave problema, o que é que o governador resolve fazer? Ele resolve gastar dinheiro público em outdoor publicitários com fotos de celebridades baianas — como se as nossas celebridades precisassem de publicidade gratuita para beneficiar suas próprias carreiras.

Será que o nosso governador é tão ingênuo que realmente acredita que algum viciado em crack vai largar o vício por ver um outdoor com uma foto de celebridade? Ou que algum traficante vai ser “ressocializado” por causa de uma série de slogans ruins?










Que coisa vergonhosa.

domingo, 15 de outubro de 2017

Mudança lingüística (2): "nudez", "pedofilia", Sociolingüística e Eurística

Vamos continuar nosso esforço para compreender melhor a linguagem revolucionária. Dessa vez, façamos o exercício de descrever uma polêmica atual utilizando os recursos teóricos de uma corrente da Lingüística moderna, a Sociolingüística Variacionista, fundada por William Labov.

***

Agora em 2017, um processo de mudança lingüística começou a se desenvolver no português do Brasil. Segundo a terminologia criada por William Labov, pai da Sociolingüística Variacionista, esse processo pode ser classificado como um caso de "mudança vinda de cima", ou seja, uma alteração surgida acima do nível de consciência dos indivíduos, por oposição às "mudanças vindas debaixo" (do nível de consciência).

Ainda pelos modelos da Sociolingüística, podemos apontar para o papel da hiper-correção, devido às semelhanças com o caso clássico do estudo da pronúncia do -R final na comunidade de Nova York, em que os membros da classe média alta (especialmente entre 30 e 40 anos) imitavam consciente e deliberadamente a pronúncia das classes mais altas (especialmente os mais jovens), em uma tentativa de ganhar, assim, parte do prestígio social e econômico associado a essas classes.

A mudança em jogo aqui, no português brasileiro, é de natureza lexical ou semântico-lexical. Envolve uma alteração drástica e inusitada no significado da palavra "nudez", especialmente em combinação com sintagmas preposicionados específicos como "na arte" ou "em museus".

Para uma parte da classe média alta brasileira, especificamente a que é exerce funções de "proletariado intelectual", a palavra "nudez" passou a ser usada para expressar o que o restante da comunidade sempre chamou de "abuso sexual infantil" ou de "pedofilia".



O extremo grau de artificialidade dessa alteração semântica, iniciada como uma estratégia retórica (ou melhor, eurística*) de desvio de assunto, confirma o caráter de uma mudança vinda de cima. (Qualquer semelhança com as estratégias lingüísticas descritas no romance "1984" é mera imitação).

Apesar de essa alteração semântica já ter assumido, dentro do grupo social do proletariado intelectual, um status de forma de prestígio, que, conforme Labov, aparece mais frequentemente em contextos de fala/escrita monitorada, para os demais grupos sociais, essa mudança semântica é completamente rejeitada, mantendo-se como uma forma extremamente estigmatizada, especialmente entre as classes sociais mais pobres.

Como naturalmente ocorre nesses casos, a reação do proletariado intelectual da classe média alta contra a fala das classes populares envolve elitismo e preconceito lingüístico. Por um lado, procuram reforçar, via hipercorreção, o uso da variante inovadora, com uma frequência bem maior do que ocorre entre as classes altas, onde a variante surgiu; por outro, tentam estigmatizar como "ignorantes", "desprovidos de cultura", "analfabetos" todos aqueles que não aderem ao novo padrão recém implementado pelas classes dominantes.

Este é um tipo de fenômeno também bastante conhecido na literatura sociolingüística, em que a mesma variante lingüística pode assumir o valor de forma de prestígio e de forma estignatizada em diferentes segmentos da mesma comunidade de fala.

Por exemplo: é bastante comum que, em grupos sociais mais pobres, a variante considerada de prestígio pelas classes altas seja vista negativamente, enquanto variantes que são estigmatizadas pela elite econômica/cultural são vistas como formas ideais dentro daquele grupo social, fenômeno denominado na Sociolingüística como "prestígio encoberto".

Entretanto, o conceito de "prestígio encoberto" não descreve adequadamente a situação por completo, uma vez que a forma estigmatizada pelo proletariado intelectual da classe média alta (usar o termo "pedofilia" para o conceito de PEDOFILIA e usar "abuso sexual" para o conceito de "ABUSO SEXUAL") ainda é a forma mais aceita como ideal de prestígio da maioria esmagadora da comunidade lingüística, enquanto a variante de prestígio para as classes altas (usar o termo "nudez" para os conceitos de PEDOFILIA e de ABUSO SEXUAL) só alcançou esse status elevado em um grupo social bastante restrito, embora com grande poder de imposição da variantes sobre outros grupos através de violência simbólica.

Mais estudos sobre o fenômeno, naturalmente, são necessários, para verificar:

  • a) Se o processo de mudança lingüística no proletariado intelectual da classe média alta, já quase inteiramente implementado, irá se consolidar no grupo social ou se recuará.
  • b) Se a nova variante ("nudez" como novo termo para "pedofilia") conseguirá se espalhar para outros grupos sociais/lingüísticos, vencendo a barreira que hoje existe por parte dos que não a consideram uma forma de prestígio.


Além disso, evidentemente, a descrição sociolingüistica capta apenas alguns aspectos do fenômeno. Para a compreensão total das motivações, dos objetivos e dos recursos empregados conscientemente para impor essa mudança, é preciso examinar vários outros aspectos.

***

* A "eurística", grosso modo, é a falsa retórica. Consiste em estratégias não para o convencimento a partir de recursos retóricos honestos, mas por meio de estratagemas desonestos. Seguindo a classificação de Schoppenhauer, o uso dos termos "nudez", "nudez na arte" e "nudez no museu" no debate público que é, na verdade, sobre abuso sexual e pedofilia poderia corresponder atrês estratégias eurísticas: a homonímia sutial; b) manipulação semântica; c) e a fuga do específico para o geral.


Bibliografia indicada

LABOV, William. Padrões sociolingüísticos. São Paulo: Parábola, 2008. (Trad. de Sociolinguisic Patters. Philadelphia: University of. Pennsylvania Press, 1972).

SCHOPPENHAUER, Arthur. Como vencer um debate sem precisar ter razão: 38 estratagemas (Dialética Eurística). TopBooks, 2003.
 
Nós confiamos em Deus; quanto aos outros, que paguem à vista.